A gestão educacional das instituições de ensino superior são um desafio, em especial no que diz respeito a antecipar possíveis decisões de evasão ou inadimplência de alunos. Ao prever o que vem pela frente, por meio de análises temporais que examinam um banco de dados e extrapolam novas informações, os modelos preditivos se tornam diferenciais na gestão de toda empresa.
Para ajudar as IES nas melhores práticas dos métodos preditivos, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) promoveu, nesta terça-feira (24), o seminário “Aplicação de métodos preditivos na Educação Superior”. O evento foi transmitido on-line pelo canal Rede ABMES, no YouTube.
Sob a coordenação do diretor presidente da entidade, Celso Niskier, os especialistas convidados apresentaram os principais conceitos da metodologia e quais os benefícios para a gestão das IES, como a previsão que um aluno vai evadir, por exemplo.
Giovanna Niskier Saadia apresentou a sua experiência de pesquisa de seu mestrado na PUC-RJ avaliando o risco de inadimplência de alunos no ensino superior. Com dados financeiros, acadêmicos e sociais, ela aplicou técnicas de machine learning para criar os modelos preditivos. Os resultados foram compilados no livro "Machine Learning e a inadimplência no ensino superior privado" e a prática tem sido aplicada na UniCarioca, no projeto Acolher.
“A partir das variáveis que foram definidas com as informações financeiras, acadêmicas e sociais dos alunos na instituição pesquisada naquele período de tempo foi possível identificar os principais riscos de inadimplência”, explicou Giovanna.
Entre eles estavam a variação do valor pago na semestralidade, débitos em semestres anteriores, a média das disciplinas cursadas, quantidade de reprovações por faltas e notas, variação do trancamento de matrículas, a responsabilidade de terceiro pelo pagamento da mensalidade, renda familiar de até dois salários-mínimos, os divorciados e alunos com trabalho autônomo.
“O objetivo é apresentar para as instituições os principais indicadores para que possam trabalhar, entendendo quais são os grupos de alunos que estão em risco ou maior risco de inadimplência ou evasão e, assim, promover ações preventivas. Inclusive personalizando as soluções apresentadas”, avaliou Giovanna. Ela também apresentou o programa Acolher, da UniCarioca, que promove ações individualizadas com os alunos faltosos ou que tenham déficit de aprendizagem em disciplinas como português e matemática.
Segundo ela, profissionais das diversas áreas da instituição se unem colaborando para que, desde a matrícula como calouro, o aluno chegue na graduação. Com o programa, a evasão no primeiro semestre deste ano foi de 18%, índice 8 pontos percentuais menor que no mesmo período de 2022. Até o momento, no segundo semestre, o percentual está em 9%, frente aos 14% no ano anterior.
Leonardo Spaine, diretor de experiência do aluno da Vitru Educação, compartilhou a experiência do grupo que tem como instituições a UniCesumar e a Uniasselvi e é a maior empresa privada de cursos a distância do Brasil. Ele revelou que um dos maiores desafios enfrentado é da evasão, que atinge cerca de 50% no primeiro ano do curso. “Por isso nos concentramos prioritariamente no acolhimento dos alunos que chegam nas instituições”, comentou.
A estratégia é trabalhar com o que Leonardo chamou de “gestão da permanência”, com uma experiência encantadora, estando atento aos sinais, sem reativo aos momentos de cobranças e proativo no auxílio à empregabilidade. “Nosso volume de dados é muito grande tendo em vista que temos mais de 880 mil alunos estudando”, pontou ao apresentar o fluxo do modelo preditivo que está sendo implementado no grupo.
Por fim, o experiente Rodrigo Irineu de Souza, diretor de marketing e novos negócios do Centro Universitário Belas Artes, comentou sobre os números que a instituição tem conseguido com os métodos preditivos. “Baixamos a evasão em cerca de 40% a 45%, o que gera um adicional de receita muito relevante para nossa instituição”, comentou, pontuando as fases que foram vencidas para chegar a esses resultados.
Rodrigo também reforçou que o investimento nas técnicas preventivas de evasão tem um excelente retorno sobre os valores que são empregados e defendendo a importância de direcionar esforços nesse sentido.