O segmento particular de educação superior vem apresentado crescimento acima da média em relação à rede pública de ensino. Segundo dados do último Censo da Educação Superior, o setor particular é responsável por cerca de 74% do total de matrículas. Quando comparado aos dados do levantamento anterior, a expansão foi de 4,5% no total da demanda, ante 1,9% na rede pública. O Ensino a Distância (EaD) equivale a uma participação superior a 15% nas matrículas de graduação.
De acordo com a diretora de Marketing do grupo Estácio, Silvia Cezar, após 10 anos com forte crescimento de ingressantes no Ensino a Distância, a prévia do Censo de 2013 indica uma retração na demanda de cursos EaD, “provavelmente relacionado ao estímulo ao Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] na modalidade presencial”, analisa.
As informações foram apresentadas durante o seminário promovido no dia 4 de novembro pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que debateu com mantenedores e gestores de Instituições de Ensino Superior (IES) Particular o atual cenário educacional e os 10 anos do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Silvia destacou que 77% da demanda total do mercado estão concentradas em 25 cursos. No topo da lista estão as graduações em Administração, Direito, Pedagogia, Ciências Contábeis, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, Engenharia Civil, Enfermagem e Serviço Social, responsáveis por 50% da demanda.
Na análise, a diretora do grupo Estácio enfatizou que apesar dos números crescentes, a expansão do ensino superior no Brasil ainda é “tímida” e está longe do ambicionado pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, até 2023. No entanto, ela chamou a atenção para a maturação de programas como Bolsa Escola e Bolsa Família, que têm favorecido a formação de maior número de aluno no ensino médio.
O nordeste no cenário educacional
O diretor da Faculdade Ages, de Paripiranga/BA, José Wilson dos Santos, participou do debate da ABMES e contextualizou o cenário da educação na região nordeste, sobretudo no interior dos estados. De acordo com Wilson, a sobrevivência das pequenas instituições de ensino depende de programas de incentivo como o Fies e o Prouni, concedidos pelo Governo Federal. Ele destaca que a parceria é uma "via de mão dupla, pois sozinho, o governo não daria conta de suprir a demanda da educação superior”.
Na Faculdade Ages, segundo Wilson, 75% das matrículas referem-se a Bolsas do ProUni e Fies. Ele destaca que mais do que a sustentação de sua instituição, os programas representam a possibilidade de um futuro melhor para boa parte de seus alunos que vivem em extrema pobreza.
Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, Wilson fala com orgulho da qualidade do ensino ofertado por sua instituição e pelas parcerias que desenvolveu com 53 municípios no estado da Bahia para democratizar o acesso à educação e empregar os alunos egressos da IES.
O seminário
No dia 4 de novembro, a ABMES promoveu seminário que abordou dois importantes temas para o setor particular de ensino. No primeiro painel, mantenedores, dirigentes, professores e técnicos das IES acompanharam a análise de especialistas sobre o atual cenário da educação. Participaram do debate a diretora de marketing do grupo Estácio, Silvia Cezar e o diretor geral da faculdade Ages, José Wilson dos Santos.
Na segunda etapa, a coordenadora-geral de Projetos Especiais para a Graduação do MEC, Lilian Carvalho do Nascimento e o consultor jurídico da ABMES, Gustavo Fagundes, abordaram os 10 anos do Programa Universidade para Todos (ProUni).
O evento teve transmissão ao vivo pela ABMES TV e contou com a participação de internautas de diversos locais do país que enviaram suas dúvidas e comentários sobre os temas expostos.
Os áudios e as exposições dos palestrantes já estão disponíveis para download no site da ABMES.