Esteve em São Paulo um grupo de representantes de vários institutos politécnicos de Portugal, como também das universidades portuguesas, representando o ensino superior português. Estimou-se que estavam presentes em São Paulo cerca de 40 instituições portuguesas representadas, as quais se reuniram com os colegas do Brasil para renovarem acordos bilaterais.
Entre outros encontros, os representantes das maiores instituições dos dois países estiveram participando no Salão do Estudante em São Paulo e também no Rio de Janeiro, mas tiveram vários compromissos em diversos estados, como Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, entre outros.
Na noite de 15 de março em São Paulo aconteceu um coquetel de convívio oferecido pela Casa de Portugal de SP em conjunto com o Consulado Geral e o Conselho da Comunidade, com objetivo de reunir os vários representantes das instituições de ensino superior.
Os representantes das instituições portuguesas vieram apresentar o sistema de ensino superior de Portugal e sua qualidade acima de tudo, mostrar aos brasileiros que queiram computar sua formação em um país que está intimamente ligado à Europa e por essa via também poder diversificar sua formação linguística, já que Portugal – apesar de falar português – tem uma proximidade com Espanha, França e demais países europeus, e isso permite uma experiência maior e aprendizagem linguística diferenciadas.
Ao Mundo Lusíada o Cônsul Geral Paulo Nascimento disse que o objetivo foi reunir esses representantes para que possam trocar experiências em dois pontos: “Em primeiro lugar para dar a conhecer a oferta do ensino superior em Portugal e em segundo lugar procurar estreitar os laços de cooperação entre as instituições do ensino superior português e brasileiro, que são aspectos fundamentais para o relacionamento dos dois países”, explicou o Cônsul que falou aos presentes esta noite para dar as boas vindas e dizer da importância dessa experiência.
Um dos representantes do ensino superior do Brasil, Dr. Custódio Pereira, representante da Associação Brasileira dos Mantenedores do Ensino Superior (ABMES), falou ao Mundo Lusíada sobre a importância de manter este tipo de encontro, porque, segundo ele, há um interesse por parte das universidades portuguesas nos potenciais alunos brasileiros, há um mercado muito grande, especialmente na pós-graduação, no mestrado e no doutorado: “Mas por outro lado, é muito interessante para as universidades brasileiras terem uma possibilidade de intercâmbio, porque falamos o mesmo idioma e isso facilita muito”, disse o Dr. Custódio, interessado em formar uma missão para ir em Portugal afim de estabelecer oportunidades de intercâmbio tanto para alunos quanto para professores e dirigentes brasileiros e portugueses.
“Eu acho isso do intercâmbio muito bom, sob óticas diferentes para ambas as partes, porque de Portugal para o Brasil nós não vamos ter muitos alunos, e em proporção aqueles que podem ter interesse em fazer seu mestrado, seu doutorado e daí, ter uma porta para a Europa”, disse Custódio ciente de que a China é um grande exportador de alunos para o mundo, especialmente EUA e Europa, e sabe-se que há neste campo um grande potencial em relação a Portugal pela facilidade do idioma. “Apesar de muitos alunos preferirem países de língua inglesa como Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra, etc; para poder aperfeiçoar a língua, mas por outro lado temos essa facilidade do idioma, além disso para fazer um aperfeiçoamento do inglês você não precisa fazer mestrado ou doutorado, portanto acho que o potencial é grande, a iniciativa de trazer periodicamente as universidades ao Brasil, é muito boa, mas eu diria que agora vai ser melhor, porque eu defendo sempre que haja mais integração entre as instituições, precisamos de gente qualificada para trazer negócios, oportunidades, o networking, e nós nos ajudarmos mutuamente”, referiu.
Da parte portuguesa ouvimos o Chanceler da Universidade Lusíada, Presidente da Fundação Minerva, João Duarte Redondo, que reconhece os dois mercados como “atraentes” porque os estudantes do Brasil podem ir para Portugal e os portugueses podem vir para o Brasil e pode ter várias parcerias a serem desenvolvidas entre as universidades dos dois lados. “A questão da língua e uma história comum de muitos anos faz com que haja muito interesse dos dois lados. Isso permite alargar horizontes, criar um espaço geográfico muito mais alargado que dos próprios países, e isso interessa de sobremaneira a Portugal que é um país pequeno, e por essa via, desenvolver projetos que podem levar a um vasto conjunto de negócios que estão muito pra além do que é a universidade ou apenas o ensino superior. O ensino superior é um pilar que permite alargar conhecimentos, internacionalizar as formações, mas ao mesmo tempo permite que se crie linhas de negócios entre os dois países, que possam ter um contributo muito válido para a consolidação e para o desenvolvimento da economia quer do Brasil quer em Portugal, acho que é ponto essencial”, disse o dirigente valorizando os eventos providos no Brasil, no Rio e São Paulo, “porque pode surgir daí mais negócios, mais empregos, mais riqueza, e mais oportunidades de negócios para as empresas”.
Conforme João Duarte, Portugal ainda precisa de muitos diplomados para trabalhar no próprio país, mas a perspectiva dos jovens é alargar a experiência, sair de Portugal para outros países, isso é uma realidade.
“Portugal forma portugueses mas também forma jovens de outros países da Europa, e esses jovens saem dos seus países mas voltam, e tem brasileiros que vão para Portugal e lá ficam. Mas tem portugueses que vem para o Brasil ficam cá”, disse ele que tem um filho que fez intercâmbio com universidades brasileiras, “o mundo hoje é diferente, os jovens querem se valorizar em termos culturais, de experiência, de formação, e querem ser cidadãos do mundo, e não só de Portugal nem só do Brasil, e isso muda tudo”.
“Viemos dizer que estamos de portas abertas para os estudantes brasileiros que queiram estudar em Portugal o possam fazer. Por outro lado, vimos também como é o caso desse encontro onde estamos, conversar com nossas parceiras, as universidades brasileiras, para desenvolvermos projetos comuns, de investigação cientifica, de dupla circulação, que permitam aos brasileiros e portugueses ter experiências diferentes de formação, quer no Brasil, quer em Portugal”, disse João Duarte.
Essas instituições de ensino superior mantém muitos acordos e mecanismos de intercâmbios entre muitas universidades. A Universidade Lusíada, por exemplo, tem parcerias com a Universidade de São Paulo (USP), com a PUC do Rio de Janeiro, com a Mackenzie de SP; Universidade de Curitiba, Estácio de Sá, e várias outras. A maior instituição politécnica de Portugal, a Politécnico do Porto, representada pela presidente Berta Batista, tem nada menos que 18 mil estudantes, 70 mestrados e licenciaturas, cursos de graduação e pós-graduação, cobrindo quase todas as áreas com oito escolas, e a intenção é abrir as portas para estudantes brasileiros que queiram, eventualmente, fazer o curso ou o período de intercâmbio. Portanto existe já uma ligação muito forte entre as instituições dos dois países e a intenção é manter esses encontros anualmente para reafirmar as boas relações, acordos e novos projetos para consolidar este tipo de relação.
Os estudantes formados nessas instituições são reconhecidos em 40 países. Portanto, se um estudante brasileiro fizer uma graduação em Portugal terá o mesmo reconhecimento dos estudantes da Europa.