Com um campus na cidade de Varginha, no interior de Minas Gerais, o sonho do fundador do grupo educacional Unis, Stefano Gazzola, era ofertar programas de intercâmbio internacional aos seus alunos. Bateu na porta de várias instituições estrangeiras, mas foi em vão. Todas queriam os alunos brasileiros das universidades públicas ou consideradas “premium”, cujas mensalidades superam R$ 3 mil. A Unis atende, principalmente, alunos da classe média que estudam à noite e trabalham durante o dia para pagar a faculdade, que custa cerca de R$ 750.
“Não me conformava que os alunos trabalhadores não tinham acesso a intercâmbio. Fui procurar instituições com perfil parecido com o nosso no mundo”, contou Gazzola. Encontrou várias faculdades e hoje, quatro anos após iniciar o projeto de internacionalização, a Unis tem parceria com 60 universidades estrangeiras de 25 países. Atualmente, 50 alunos brasileiros estão no exterior e outros 50 estrangeiros fazem intercâmbio na Unis. No total, a faculdade mineira tem 9 mil matriculados.
O pulo do gato que fez a Unis deslanchar seu programa de intercâmbio foram parcerias com empresas, que subsidiam os custos dos estudantes. “Nossos estudantes dependem do salário para se manter tanto no Brasil quanto nos outros países. Não adiantava só conseguir o intercâmbio”, disse. No modelo da Unis, o aluno faz um estágio numa das empresas parceiras no Brasil ou exterior.
“Em alguns países como Argentina não é permitido fazer estágio, então, a instituição que está recebendo o aluno dá um recurso, de cerca de R$ 650, para o estudante fazer pesquisa e assim ajudá-lo a se manter”, explicou Felipe Flausino de Oliveira, chefe de gabinete da Unis. A instituição mineira tem ainda um hotel para abrigar os alunos estrangeiros.
O projeto de internacionalização da Unis acabou se tornando um negócio para a instituição de ensino mineira. “Nos aproximamos muito das empresas locais e agora prestamos vários serviços para elas, como consultoria, universidade corporativa. Com esses recursos, conseguimos subsidiar nosso programa de intercâmbio”, disse Gazzola.
O projeto da Unis ganhou escala. Acaba de ser criado um consórcio com outras 30 instituições de ensino do país para intercâmbio entre elas. “Vamos trabalhar em conjunto. Uma faculdade do Sul poderá mandar alunos para uma instituição do Nordeste e vice-versa”, explicou Oliveira.